terça-feira, 15 de setembro de 2015

compositor como performer: interpretando marcela lucatelli



Se você me perguntar o que eu faço, responderei que sou compositor. Raras vezes me vejo no papel de intérprete, performer ou improvisador, no entanto ultimamente isto tem acontecido com uma certa frequência.

No último dia 15 de agosto, no Estúdiofitacrepe-sp, um espaço interessante dedicado à música experimental-contemporânea-eletroacústica-etc., participei como intérprete em concerto da compositora-performer Marcela Lucatelli, no qual juntei-me a Flora Holderbaum e Leandro de Cesar para interpretar duas de suas peças recentes: Tuning Time (2013) e Veritas Sanitas Vanitas (Going Somewhere?) (2015), com graus diferentes de abertura para colaboração e interferência dos intérpretes. Foi uma experiência interessantíssima, tanto que depois Flora Holderbaum nos convidou a escrever um texto a oito mãos que pode ser lido aqui, na linda, uma (quem sabe a única) revista online inteiramente dedicada à cultura eletroacústica.







http://linda.nmelindo.com/2015/08/curandeihits-deslocamento/

quinta-feira, 16 de abril de 2015

flores desse maio: três concertos além-mar



No hemisfério norte, a primavera começa pouco antes do final de março. Aos poucos o frio do inverno recua e é somente no mês de maio que a nova estação mostra toda sua força. Coincidência ou não, em 2015, este mês inaugura minha temporada de concertos do ano naquela parte do mundo, levando minha música para além-mar em duas estreias mundiais e uma apresentação muito especial.


A primeira estreia do mês será si, mi chiamano m. para voz feminina e toca-discos, uma das seis peças que Marcela Lucatelli levou a bordo do navio cargueiro alemão Monte Aconcagua, navegando o Atlântico rumo ao porto de Nova Iorque. A peça foi escrita especialmente para o projeto *Gestus Kanto-GlyTkH* : THE UNAWAITED, no qual a inventiva compositora-performer realizará a estreia de peças de quatro brasileiros - Bernardo Barros, Martin Herraiz Pedro Rocha e eu - e dois dinamarqueses - Jeppe Ernst e Mathias Monrad Møller - na New York University no dia 4 de maio. 

Aos amantes da ópera, o título de minha peça já denuncia a audácia de tomar a célebre ária de Puccini como ponto de partida. É a partir desse material que construo um jogo cênico-musical, composto em sua totalidade por 22 fragmentos-cartas cuja ordenação pode ser sorteada pela intérprete durante a performance. Ainda este ano, este projeto prevê apresentações também no Brasil e na Dinamarca.

Já a segunda première, realiza-se mais ao norte, dia 13 de maio no  Festiva! Calgary New Music Festival 2015, no Canadá, pelas mãos da talentosa pianista Luciane Cardassi, para quem a peça foi escrita e dedicada. Trata-se de memorial do granito para piano e sons eletrônicos, sobre a qual começamos a conversar ao final do ano passado, em um processo de colaboração muito frutífero e que finalmente encontrará a sala de concerto. 

O terceiro concerto do mês realiza-se no dia seguinte, dia 14 de maio, do outro lado do Atlântico no Royal Welsh College of Music and Drama, em Cardiff, no País de Gales, onde o excelente grupo holandês Nieuw Ensemble revisita no Vale of Glamorgan Festival minha peça inutensílio II, composta para eles em 2009 e ganhadora do Brazilian Composers' Competition, promovido pelo grupo naquele ano.